quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Te amo!


Enquanto tu me amares
Eu hei-de amar-te!


Enquanto me quiseres
Eu hei-de amar-te!


Mas quando me deixares
Eu hei-de amar-te!


Se não me desejares
Eu hei-de amar-te!


Então que importa se me amas
Então que importa se me queres
Se é, de qualquer forma,
minha sina, amar-te?


(VG, 2010)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

TENTATIVA DE ESCREVER UM POEMA QUE ASSASSINASSE O AMOR


I
Tentar escrever um poema
é bem difícil
e mais difícil se torna
quando a raiva nos cega o coração
e o cérebro quase se estilhaça
porque as entranhas nos rogam
que assassinemos o amor

II
Oh! Poetas
de tempos imemoriais,
ensinai-me a criar poemas
antes que o meu peito rebente
de tanta ira acumulada,
ensinai-me a escrever um poema
com um gume aguçado como uma navalha
e que de um único golpe
rasgue do baixo-ventre ao coração
o corpo nú do Amor

III
Por entre a bruma do luar,
pelo suor colados
às sombras da noite,
meus assassinos contratados,
armados até aos dentes
com odes e sonetos,
que eu ainda não consegui escrever
deveriam desferir
o mortal e profundo golpe
que assassinaria o Amor

IV
Tenho ódio às coisas pueris
e às falsárias ilusões de esperança,
desprezo conceitos vãos
e palavras-substância sem sentido
e nas auroras flutuantes que finam cada madrugada
tento, para assassinar o Amor
escrever poemas de raiva,
mas desisto – não consigo

V
Oh! Musa,
filha de Vénus e Marte,
dá-me a pomba da inspiração
para que eu faça um poema
que em matéria se transforme,
capaz de arrancar a vida
do peito ainda palpitante
do odiado Amor

VI
Quero,
com um simples grito de poeta
transformar em venenosas
as perfumadas setas de Cupido
e que o mar enraivecido
se desdobre
e em seu leito consiga recolher
todos os amantes
e apóstolos do Amor

VII
Que Neptuno
revolva seus reinos crepitantes
e cada um de seus subditos
se torne
num Cruzado na Santa Guerra que declaro
e que as hordas inimigas se desfaçam
nos rochedos e nas vagas:
esses herois aclamados

VIII
Que cada palavra se afigure
um punhal de mil aceradas laminas
e que Baco
nas orgias dos amantes
os deixe prostrados em tal estado
que um simples verso
deste inacabado poema
os expluda
em polpuda massa estraçalhados

IX
Que sejam como as de Ícaro
- as asas –
usadas pelos amantes em seus voos,
em ínfimos pedaços se desfaçam
e o Egeu se tinja em cores festivas
com seu impuro sangue coagulado
como abrindo aos Argonautas de passagem
um caminho de veludo recoberto

X
Que Sodoma e Gomorra como Fénix
ressurjam das cinzas que geraram
para prova de que o Amor não existe
a não ser
como forma de depravado prazer e gozo
e que fique exposta aos olhos de quantos
utópicos
saudosistamente sentimentais
acreditam ainda
na pureza desse despudorado sentimento

XI
Que “Woodstock” se repita uma só vez
para que o 235 enriquecido
penetre no cálix virginal da molécula
e a “vendetta”de Hiroxima
se consume
e as pétalas da flor assim gerada
se espalhem:
fumo, pedra e ferro retorcido
ao sabor do vento do entardecer

XII
Quero,
Oh! Sublime pensamento,
ressuscitar Jack para que de novo
estripe umas milhentas loucas fêmeas
e que também as amazonas se revoltem
destruindo de todo a virilidade
dos que a usam
numa prece constante ao Deus-Amor

XIII
Que a Atlântida ressurja desses mares.
que as calotes polares se desfigurem
que o Vesuvio expluda indignado
que o Diluvio regresse sem Noé
e que o Sol
pelo buraco do ozono
imole certeiro e ágil
os corações apodrecidos pelo amor

XIV
Quero que todas as virgens apaixonadas
sejam lançadas às mãos do Minotauro
que exorcisarão essa paixão
no meio de gozo, baba e sangue coagulado
e que a Medusa, por seu lado
transforme o coração em pedra fria
mas deixe quente a carne p’ro prazer
dos que se seguirão ao Homem-touro

XV
Que os pombos
se tornem águias assassinas
e em vez de recados entre amantes
transportem em seus bicos acerados
balas, bombas, setas, azagaias...
e distribuam seus mortiferos bilhetes
entre os seres
que inertes de esperança
se deixam subjugar pelo sentimento

XVI
E por fim
quando dele não restar
um mínimo detalhe para o futuro
quando estiver sob a terra húmida e fria
sem que alguem dele se possa recordar.
eu, num cumular de gozo e de prazer
deixarei sobre o seu tumulo uma rosa
junto á pedra sepulcral
que em epitáfio dirá:
“Aqui jaz, assassinado, o Amor”


(VG)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

RECORDAÇÕES


Recordo
Os momentos que passei junto de ti
Recordo
Com lágrimas de homem sofredor
Recordo
Os prazeres que contigo senti
Tudo recordo
Com amor

Recordo
Os beijos que me deste e eu te dei
Recordo
O teu corpo me dando calor
Recordo as carícias que contigo troquei
Tudo recordo
Com amor

Recordo
Pois só me resta recordar
Recordo
O que foi belo e sonhador
Recordo
Para poder acreditar
Que tudo o que recordo
Foi amor

Recordo
Pois não te consigo esquecer
Recordo
Só assim alivío a minha dor
Recordo
E sofrendo até morrer
Morrerei recordando
Com amor

(VG, 1985/12/28)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Indolência

Eu te amo tão loucamente
Como quem ama uma vez somente
É Amor? É simplesmente
A dor com que me deleito
Nos levando ternamente
Nos embalos que, dormente,
Meu coração diz que sente
Quando se junta em teu peito

(VG, 2010)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Plágio do Dia!

“O futuro não pode ser previsto, mas pode ser inventado. É a nossa habilidade de inventar o futuro que nos dá esperança para fazer de nós o que somos.”

(Dennis Gabor)

Contra Fotos não há Argumentos: Solidão

SOLIDÃO

Deixei-te ir...

Deixei-te ir...
Porque as mais belas aves também partem
no final de cada Outono.
Deixei-te ir...
Porque, mesmo que não deixasse, tu irias,
É mais forte que as nossas vontades.
Deixei-te ir...
Porque que sei que voltarás
Como as aves voltam sempre,
No inicio da Primavera.

(VG, 2010)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A primeira Sis do Telas & Textos

E aí temos a primeira Sister deste blog (os Brothers estão envergonhados).
Obrigado Taty por perderes teu tempo me lendo aqui.
Quem por aqui passa pode ler coisas lindas da Taty aí: http://tatyguimarais.blogspot.com/

Um dia...

Um dia vais entender que gostar de ti não depende de mim...
há muito fui ultrapassado nessa decisão,
Desde o instante em que o meu coração sentiu a tua presença.


Um dia vais entender que amar não é uma expressão vazia...
Há muito que também já me esquecera disso,
Recordei-me no instante em que o meu coração bateu mais forte.


Um dia vais entender, que o amor não depende do nosso querer...
É independente da razão que se lhe opõe,
Aprendi isso no instante em que decidi escutar meu coração.


Quando um dia conseguires entender tudo isso...
Não terás mais dúvidas, como eu já não tenho,
E desde esse instante serás muito mais feliz.


(VG, Agosto de 2010)

Contra Fotos não há Argumentos: Perspectiva

PERSPECTIVA

(Foto de Ruth Bernhard: Classic Torso, 1952)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Plágio do Dia!

"A descoberta consiste em ver o que todo mundo viu e pensar o que ninguém pensou."

(A. Szent-Gyorgyi)

Instantes cravados na pele!

Há memórias de momentos que perduram muito para lá do tempo... são cheiros, são toques, são instantes cravados na pele!

[Foto de Andreas H. Bitesnich: Eva, Viena 2002]